DEPOIS DE 11 ANOS, PEC DO TRABALHO ESCRAVO É APROVADA E
DERROTA RURALISTAS
O plenário
da Câmara encerrou na noite de ontem a votação da proposta de emenda à
Constituição (PEC) do trabalho escravo e impôs uma derrota à bancada ruralista.
O projeto foi aprovado em segundo turno por 360 votos favoráveis, 29 contrários
e 25 abstenções. O texto segue agora para análise do Senado. A bancada
ruralista tentou evitar a votação e recomendou que seus membros não
registrassem presença no plenário. No entanto, com a orientação favorável de
líderes que costumam votar com os deputados ligados ao agronegócio, como o
líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), a PEC recebeu mais que os
308 votos favoráveis. "Cumpro meu compromisso encaminhando o voto sim.
Essa matéria convoca toda nossa consciência", disse Alves na sessão. O
líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), mesmo com um discurso
inseguro acerca da aprovação da PEC, pediu o voto favorável: "Precisamos
nos permear da boa vontade, da responsabilidade." "Perdemos",
afirmou o atual presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado
Moreira Mendes (PSD-RO). Os ruralistas reclamam que não há definição clara em
lei sobre o que é trabalho escravo e que os proprietários de terras ficam à
mercê dos fiscais do Ministério do Trabalho. Mendes disse que muitos deputados
ruralistas votaram a favor do texto por "medo" da repercussão na
opinião pública em pleno período eleitoral. Nas últimas semanas, os ruralistas
produziram um texto para esclarecer esse conceito, no entanto não houve
consenso com o PT. O presidente da Câmara, deputado Março Maia (PT-RS), fechou
um acordo nas últimas semanas para que um grupo formado de deputados e
senadores produza um projeto de lei que trate da conceituação de trabalho
escravo enquanto o texto é discutido no Senado. Maia voltou a anunciar o acordo
para os deputados na votação de ontem, numa tentativa de tranquilizar a bancada
do agronegócio. O texto da PEC, apresentado em 2001, estabelece que as
propriedades rurais e urbanas onde forem localizadas a exploração de trabalho
escravo ou culturais ilegais de plantas psicotrópicas serão expropriadas. As
áreas expropriadas, segundo a PEC, serão destinadas à reforma agrária e a
programas de habitação popular. O projeto diz que os proprietários não terão
direito a indenização e continuarão sujeitos às punições previstas no Código Penal.
Fonte -
JusBrasil
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